O Wefood foi inaugurado na capital, Copenhague, pela princesa Marie e a ministra do Meio Ambiente e Alimentação, Eva Kjer Hansen. A iniciativa é de uma ONG dinamarquesa; a ideia é combater o desperdício. A ONU calcula que pelo menos um terço dos alimentos produzidos no mundo é jogado fora a cada ano.
"Todos os dias, mais de 800 milhões de pessoas no mundo vão dormir com fome. Ao mesmo tempo, só na Dinamarca cerca de 700 mil toneladas de alimentos por ano vão para o lixo", disse à BBC Brasil o dinamarquês Per Bjerre, da ONG responsável pelo Wefood, a Folkekirkens Nødhjælp.
É talvez o primeiro supermercado do gênero no mundo, diz Bjerre - que faz questão de destacar que não se trata de um "supermercado social", destinado a pessoas de baixa renda.
"Os clientes são de várias camadas da sociedade, e têm em comum o desejo de comprar produtos a preços substancialmente menores e combater o desperdício de alimentos. Além, talvez, do desejo de lutar contra a pobreza, que está entre os motivos da abertura do Wefood."
O interesse dos dinamarqueses pela novidade já é, segundo Per Bjerre, evidente.
"Vendemos praticamente todo o nosso estoque no primeiro dia de funcionamento", disse ele. "E há filas do lado de fora do supermercado antes de abrirmos as portas."
Data de validade
Com um espaço de 250 metros quadrados, o novo supermercado oferece uma variedade de produtos que inclui laticínios, carnes, frutas, vegetais, pães e alimentos congelados que já ultrapassaram a data de validade recomendada nas embalagens. Os preços são entre 30 a 50 por cento mais baixos em comparação ao que é cobrado nos supermercados tradicionais.A inauguração do supermercado foi resultado de um projeto que levou um ano para ser concretizado, e que foi viabilizado através do sistema de financiamento coletivo conhecido como crowdfunding.
Para suprir as prateleiras, o Wefood opera em cooperação com duas das maiores cadeias dinamarquesas de supermercado, a Føtex e a Danske Supermarked, além de mercados locais.
"E estamos buscando mais fornecedores", diz Per Bjerre.
Todos os funcionários do Wefood trabalham de forma voluntária, e os lucros serão destinados a projetos de combate à pobreza conduzidos pela ONG Folkekirkens Nødhjælp em regiões como a África e a Ásia.
O trabalho dos voluntários cumpre uma função essencial.
"Quando há frutas já em vias de apodrecer em uma caixa, é mais barato para os supermercados jogar toda a caixa fora, em vez de gastar tempo selecionando as frutas boas e ruins. Mas os voluntários do WeFood fazem esse trabalho com prazer", disse Bjerre.
Entre as razões apontadas para o desperdício mundial de alimentos, estão as condições inadequadas de armazenamento - e também a adoção de prazos de validade demasiadamente rigorosos.
"Ainda existem regras e barreiras que tornam difícil distribuir alimentos com prazos de validade vencidos", destacou a ministra dinamarquesa do Meio Ambiente durante a inauguração do Wefood, observando que pretende discutir a questão no âmbito da União Européia.
"É ridículo jogar comida fora e é prejudicial ao meio ambiente, já que implica em desperdício de recursos como água e energia, necessários à sua produção. O Wefood é um passo importante na batalha contra o desperdício de alimentos", concluiu Eva Kjer Hansen.
Financiamento coletivo