A polícia turca prendeu nesta segunda-feira (1º) mais de 200 pessoas e usou gás lacrimogêneo para dispersar centenas de manifestantes em Istambul, em protestos contra o governo durante as festividades de Primeiro de Maio.
Os manifestantes carregavam cartazes com lemas como "Viva o Primeiro de Maio. Não ao ditador", em referência ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que obterá mais poderes após uma ampla mudança constitucional, referendada há duas semanas por uma controversa consulta popular. A polícia fez disparos para o ar, usou balas de borracha e gás lacrimogêneo.
Enquanto isso, outro grupo de manifestantes tentou chegar à praça Taksim, no centro de Istambul, onde as autoridades tinham proibido marchas ou protestos. Duas mulheres foram detidas no local.
A polícia turca deteve outros 30 manifestantes que tentaram chegar à praça, em uma marcha que saiu do bairro de Besiktas.
As autoridades turcas confirmaram a prisão de 207 pessoas e informaram ter apreendido granadas de mão e fogos de artifício.
A praça Taksim, que até os protestos sociais do ano 2013 era o centro nevrálgico de qualquer manifestação política na Turquia, esteve nesta segunda-feira completamente fechada ao público, através de barreiras e controles policiais.
O lugar se tornou simbólico para grupos de esquerda na Turquia depois dos violentos incidentes ocorridos ali em 1977 quando grupos ultranacionalistas abriram fogo contra grupos de esquerda e mataram 37 pessoas.
O alto comissário para os Direitos Humanos da ONU, Ra'ad Zeid al-Hussein, condenou nesta segunda-feira as prisões os expurgos em massa na Turquia, afirmando que o país vive "um clima de medo". Ele afirmou, durante entrevista coletiva em Genebra, que Ancara teve que responder a ataques violentos mas não deve violar os direitos humanos enquanto o faz.Quase 4 mil demissões
Em seus primeiros decretos emitidos após o referendo constitucional que dará mais poderes ao presidente, o governo da Turquia decidiu neste sábado demitir 3.939 funcionários, incluindo mais de mil militares e 500 acadêmicos.
Os demitidos são acusados de estarem relacionados com a rede do clérigo islâmico Fethullah Gülen, acusado pelo governo de estar por trás do fracassado golpe de Estado do ano passado.
Os decretos determinam também a readmissão de 236 funcionários, enquanto 59 estudantes turcos no exterior foram expulsos dos programas estatais de bolsas de estudos. Os decretos também ordenam o fechamento de 18 fundações, um jornal e 13 empresas de saúde, todos supostamente relacionados com Gülen.
Além disso, foram proibidos os programas de namoro na televisão, o que parece indicar que o governo quer impor uma linha mais conservadora ao entretenimento popular.
As autoridades turcas bloquearam também o acesso à enciclopédia online
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