O Conselho Regional de Enfermagem do Acre (Coren-AC) e o Sindicato dos Profissionais Auxilares Técnicos de Enfermagem e Enfermeiros do Estado do Acre (Spate-AC), denunciaram a falta de condições de trabalho da Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco. De acordo com o presidente do Coren-AC, José Adailton Pereira, em dois meses, foram contabilizadas 29 mortes de bebês na instituição. Entretanto, ele afirma que podem existir outros fatores que ocasionaram os óbitos e que a denúncia está sendo investigada.
Segundo Pereira, entre as principais denúncias evidenciadas pelos profissionais está a falta de materiais básicos como macas de parto, bancadas para medicação, colchões, medidores de pressão, desfribiladores e leitos.
"Os óbitos podem ter ocorrido por vários motivos, apenas depois da investigação poderemos ter certeza. De acordo com os profissionais, a situação do espaço físico e de recursos materiais é bem precária. Muitas vezes não há vagas para as grávidas e nem local para onde encaminhá-las. Existem casos relatados pelos funcionários em que faltaram leitos e o parto foi feito praticamente na recepção da unidade", denuncia.
Pereira destacou ainda que há relatos de que os enfermeiros, responsáveis pela triagem neonatal, não seriam capacitados para o trabalho. Ele afirma que o teste é primordial para diagnosticar diversas doenças congênitas ou infecciosas neste período.
"Testes, como o do coraçãozinho, foram delegados para profissionais sem capacitação. Com isso, podem ocorrer resultados falso positivo ou falso negativo. Esse teste tem por objetivo detectar problemas cardíacos no recém-nascido, mas se o profissional não souber fazer, vai dar errado e isso pode complicar a situação dos bebês", afirmou.
Outro problema citado pelo presidente do Coren-AC é o número reduzido de profissionais e a superlotação da maternidade. "Seria ideal que um profissional atendesse no máximo sete pacientes, mas eles relatam que chegam a atender de 15 a 17 e não podem prestar um serviço de qualidade. Anteriormente, havia uma equipe para atender as mães e outra para os bebês, mas isso foi unificado. Porém, ao fazer isso não reforçaram o número de enfermeiros. Se um profissional atendia 12 mães, agora também atende 12 filhos, ou seja, 24 pacientes", explicou.
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Todas as denúncias feitas pelo Spate-AC estão sendo investigadas pelo Coren-AC. De acordo com Pereira, o relatório com o resultado das investigações só deve ser concluído na segunda-feira (15). As reivindicações serão entregues à Promotoria de Saúde do Acre e à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac).
Em relação à falta de estrutura citada pelo sindicato, o secretário afirma que em janeiro deste ano foram abertos 14 novos leitos e em março mais cinco. Ele diz que os casos de lotação que vêm ocorrendo na maternidade, são de pacientes que buscam consultas ambulatoriais e não de mulheres que estão em trabalho de parto. Para melhorar o atendimento, ele disse ainda que o ambulatório será deslocado para outro prédio próximo à maternidade e outros 15 leitos serão criados no local.
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